domingo, 16 de março de 2025

Síndrome do Coiote - A Queda Só Vem Quando Você Olha para Baixo

Se tem algo que o mundo corporativo aperfeiçoou nos últimos anos, foi a arte de fazer as pessoas correrem sem parar. Produtividade, entregas, metas inatingíveis. O tempo todo nos empurram para frente, sem pausa, sem questionamento. A gente corre, corre, corre. E quando para olhar ao redor, percebe que já passou do limite.

Esse fenômeno tem nome: Síndrome do Coiote. O conceito surgiu no início dos anos 2000, sendo utilizado por psicólogos organizacionais e especialistas em saúde mental para descrever um fenômeno cada vez mais comum no ambiente de trabalho: o colapso tardio de profissionais que só percebem que estão exaustos quando já ultrapassaram seus limites.

O nome foi inspirado no personagem Coiote, do clássico desenho animado Papa-Léguas, que corre obsessivamente atrás de sua meta, até que percebe, tarde demais, que está flutuando no vazio. A queda só acontece quando ele olha para baixo e percebe a situação.

O conceito ganhou força com os estudos do psicólogo organizacional Dr. Steven Berglas, que explorou como indivíduos altamente produtivos muitas vezes só "desmoronam" quando reconhecem o nível de sobrecarga a que estão submetidos. O termo foi amplamente discutido em artigos sobre burnout e exaustão profissional, tornando-se um alerta para as organizações modernas.

Quantas vezes você já viu um colega aparentemente incansável ter um burnout inesperado? Quantos profissionais brilhantes seguem em alta velocidade até que, do nada, travam? Quantos líderes ignoram os sinais de exaustão porque "ainda dá para aguentar mais um pouco"?

Essa síndrome não surge por fraqueza, mas por excesso de força. Pessoas com a Síndrome do Coiote são as que mais fazem, as que mais seguram a barra, as que carregam empresas inteiras nas costas. O problema é que elas vão tão longe na correria que esquecem de olhar para baixo. E quando olham, já é tarde.

E quem sobra?

Os que souberam pisar no freio. Os que entenderam que produtividade sem limites é receita para o colapso. Os que tiveram coragem de parar antes de cair.

O problema da Síndrome do Coiote não é só individual, é estrutural. Empresas que premiam a correria sem olhar para o impacto acabam perdendo seus melhores talentos para o esgotamento. Quando percebem que estão ficando sem gente realmente capaz, já é tarde demais.

será que você está correndo demais para perceber que já passou do limite? Sua empresa está criando um ambiente sustentável ou apenas empurrando seus profissionais para o penhasco?

Porque no fim do dia, o corpo cobra. A mente cobra. E a queda, quando vem, nunca é pequena.

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